Sobre as Constelações Familiares



Poderá parecer-lhe estranho, mas os caminhos trilhados pelos nossos antepassados influenciam a nossa vida atual. 

Há uma herança comportamental dentro de nós que nem sempre detetamos - seja por falta de investigação das origens familiares, ou pela necessária reflexão dessa mesma história. 

Conhece realmente a história da sua família?
“Que sinto sobre o facto de o Avô ter traído a Avó? O que será que sentiu a minha própria mãe quando descobriu?”
“Como será que o meu Tio foi capaz de roubar os seus irmãos? E os meus primos como se vão sentir quando souberem?”
“O meu pai esteve na Guerra, será que matou alguém?”
Com alguma capacidade de insight - habitualmente em contexto terapêutico - podemos identificar os padrões de comportamento que nos importunam, e que são resultantes dessa herança.
Uma das razões que nos leva a não ver em nós as questões do passado familiar, é não nos distanciamos da realidade. A outra é desconhecermos a verdadeira história da família. 

Por haver, em (quase) todas as famílias, situações vividas que são consideradas (à luz da sua época) como menos nobres, elas são-nos escondidas, tais como: traições, roubos, mentiras, filhos bastardos, maus tratos, vícios, entre outros.
Esses padrões repetitivos de comportamento podem causar-nos diversos problemas de saúde, dificuldades financeiras, conflitos nos relacionamentos familiares, afetivos e nas relações profissionais, entre outras coisas.
Foi Bert Hellinger que descobriu (ao longo da sua carreira enquanto terapeuta) que na origem dos problemas que enfrentamos hoje estão não só situações relativas  à nossa própria história, mas também as  situações que aconteceram com outros membros de nossas famílias.
Não será descabido afirmar que todos os membros de uma família estão ligados por profundos laços de amor e lealdade. Ora na esperança de diminuir o sofrimento dos outros, nós trazemos situações danosas para as nossas vidas como uma forma de compensar esse familiar em sofrimento, de forma absolutamente inconsciente.

Identificar os padrões que estão a fazer-nos repetir as histórias de vidas dos nossos antepassados, como forma primitiva de os honrar, é o primeiro passo para as resolvermos internamente e reencontrarmos a paz de espírito.

Através desta metodologia das Constelações Familiares são criadas dinâmicas teatrais que tornam visíveis os factos, até então ocultos, que estão a atuar perpetuamente através das gerações.

A Constelação vem ajudar nas questões mais difíceis e repetitivas, que são os padrões que passam de geração para geração. Relacionamentos, desequilíbrios emocionais, separações, dificuldades profissionais, adoção, doenças crônicas, envolvimento com drogas, mortes precoces, em tudo que vem se repetindo através das gerações de uma forma geral.

Bert Hellinger define as “Ordens do Amor” que sustentam o equilíbrio no sistema familiar:

• A Pertinência ou Pertencimento – todos têm direito a pertencer ao sistema, pai, mãe, filhos legítimos e ilegítimos, tios, avós, bisavôs, parceiros anteriores, um doador de órgão, no caso de um acidente uma pessoa que tenha morrido, etc.

 • O Dar e Receber – onde deve existir um equilíbrio entre as partes, em dar e receber. O dar e receber equilibrado leva ao desejo de dar mais espontaneamente e receber com gratidão.

• A Hierarquia, que define uma ordem familiar que precisa ser respeitada. Algo está errado quando as crianças sentem que têm de cuidar dos seus pais ou quando um avô é colocado no papel do pai, ou ainda um filho é tratado como irmão. Quando o senso de ordem é reestabelecido, há um novo sentimento de segurança do conhecimento de qual é o seu lugar na família e o “problema” vai sendo direcionada para uma solução.

Para quem vive situações familiares de desequilíbrio e falta de ordem na estrutura familiar - filhos que tomam o lugar do pai ou da mãe, avós que fazem de mães, mães que se permitem a ser abusadas pelos companheiros, entre outras – podem, através da metodologia das Constelações Familiares, ver qual a situação familiar em que estão inseridas. 

Ao olhar para esse cenário, em metaposição, também encontram de frente o que podem fazer para cortar com os padrões. 

Ao cortar os padrões vamos limpando a herança familiar, permitindo que as gerações seguintes sigam caminhos mais ligeiros, sem culpas e ressentimentos, mais sintonizadas à aceitação dos fatos familiares e ao amor.

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