
No século XXI, no ano do senhor de 2018, ainda discutimos em praça pública qual a taxa de IVA a aplicar ao "espectáculo cultural" da tourada.
Não falamos da sua abolição, e muito menos nos referimos a tão degradante ritual no pretérito perfeito, como se estivesse já enterrado num passado longínquo, tal qual os circos com gladiadores, os documentos do Estado Novo a comprovar o não voto das mulheres, ou as cartas que tratavam os pretos como mercadoria. Falamos no presente. Porque a tauromaquia - ainda - existe. Porque há uma parte minoritária da sociedade, mas que tem dinheiro, que insiste em continuar a ser subsidiada pelo Estado para se poder entreter num espectáculo sádico que ninguém reconhece como tal, preferindo termos como "arte", "bailado" ou "festa brava".
Não me interpretem mal: nesta altura da minha vida não pretendo lançar uns temas para o ar para dar nas vistas, ter mais gostos, ou simplesmente chocar. Nem é meu objectivo entrar numa disputa onde ninguém vai mudar de opinião por simplesmente ler este artigo. Quem é contra continuará a ser contra, e quem é a favor virá com a retórica do costume - tradição, cultura e só vai quem quer. Por isso a minha motivação é tão somente a da minha consciência, a da concepção que tenho de mim, dos outros, do planeta e da Natureza. Sou contra as touradas pelo touro, pela sua magnificência, pelo facto de não merecer humilhação e tortura em praça pública à mão de meia dúzia de indivíduos mal formados. Da mesma forma que sou contra a forma como os matadouros funcionam, a maneira como os animais são criados fora do seu habitat ou a falta de reconhecimento da "Educação Cívica" na escola como disciplina principal, de modo a formar consciências, a colocar as crianças e os jovens a ... pensar.
Se todo o indivíduo p-e-n-s-a-r perceberá que há costumes, tradições e normas que pura e simplesmente não cabem na sociedade contemporânea, que nenhum animal nasceu, evoluiu e existe para simples diversão dos humanos (que parvoíce é essa?); que no planeta somos apenas mais uma espécie que, por sinal, até é a que maior capacidade destrutiva tem, e que nada daquilo que cabe na preguiça de pensamentos e modos serviu, em algum momento da Humanidade, para nos levar a avançar e a conquistar.
Independentemente da deliberação sobre o IVA das touradas, das cidades anti-touradas (que em Espanha já são algumas), da não transmissão destes rituais medievais na RTP em horário nobre e outros acontecimentos acessórios que vão decorrendo, terei sempre a razão do meu lado, a certeza de que no ano de 2018 eu estive do lado da justiça, do bom senso e da dignidade. Se por qualquer motivo este artigo continuar a morar nesta imensa cloud e chegar a gerações vindouras, todos saberão que pensei por mim, pensei pelos outros, por todas as espécies, pelo que de mais elementar deve haver na nossa passagem por este planeta ... Pensei.
PS - Peço desculpa pela escolha tão gráfica da imagem mas é isto que devemos ter em mente de cada vez que nos dizem que as touradas são tradição e cultura.
Não falamos da sua abolição, e muito menos nos referimos a tão degradante ritual no pretérito perfeito, como se estivesse já enterrado num passado longínquo, tal qual os circos com gladiadores, os documentos do Estado Novo a comprovar o não voto das mulheres, ou as cartas que tratavam os pretos como mercadoria. Falamos no presente. Porque a tauromaquia - ainda - existe. Porque há uma parte minoritária da sociedade, mas que tem dinheiro, que insiste em continuar a ser subsidiada pelo Estado para se poder entreter num espectáculo sádico que ninguém reconhece como tal, preferindo termos como "arte", "bailado" ou "festa brava".
Não me interpretem mal: nesta altura da minha vida não pretendo lançar uns temas para o ar para dar nas vistas, ter mais gostos, ou simplesmente chocar. Nem é meu objectivo entrar numa disputa onde ninguém vai mudar de opinião por simplesmente ler este artigo. Quem é contra continuará a ser contra, e quem é a favor virá com a retórica do costume - tradição, cultura e só vai quem quer. Por isso a minha motivação é tão somente a da minha consciência, a da concepção que tenho de mim, dos outros, do planeta e da Natureza. Sou contra as touradas pelo touro, pela sua magnificência, pelo facto de não merecer humilhação e tortura em praça pública à mão de meia dúzia de indivíduos mal formados. Da mesma forma que sou contra a forma como os matadouros funcionam, a maneira como os animais são criados fora do seu habitat ou a falta de reconhecimento da "Educação Cívica" na escola como disciplina principal, de modo a formar consciências, a colocar as crianças e os jovens a ... pensar.
Se todo o indivíduo p-e-n-s-a-r perceberá que há costumes, tradições e normas que pura e simplesmente não cabem na sociedade contemporânea, que nenhum animal nasceu, evoluiu e existe para simples diversão dos humanos (que parvoíce é essa?); que no planeta somos apenas mais uma espécie que, por sinal, até é a que maior capacidade destrutiva tem, e que nada daquilo que cabe na preguiça de pensamentos e modos serviu, em algum momento da Humanidade, para nos levar a avançar e a conquistar.
Independentemente da deliberação sobre o IVA das touradas, das cidades anti-touradas (que em Espanha já são algumas), da não transmissão destes rituais medievais na RTP em horário nobre e outros acontecimentos acessórios que vão decorrendo, terei sempre a razão do meu lado, a certeza de que no ano de 2018 eu estive do lado da justiça, do bom senso e da dignidade. Se por qualquer motivo este artigo continuar a morar nesta imensa cloud e chegar a gerações vindouras, todos saberão que pensei por mim, pensei pelos outros, por todas as espécies, pelo que de mais elementar deve haver na nossa passagem por este planeta ... Pensei.
PS - Peço desculpa pela escolha tão gráfica da imagem mas é isto que devemos ter em mente de cada vez que nos dizem que as touradas são tradição e cultura.
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