A propósito da dificuldade em arranjar trabalho quando se tem 40, 50 ou 60 anos, sou obrigada a lançar a seguinte questão:
Acharão os empregadores que nessas idades as pessoas estão semi-dependentes, urinam com mais frequência ou não estão na posse de todas as suas faculdades?
Há um preconceito no mercado de trabalho, em particular dos empregadores privados, relativamente a tudo aquilo que seja recurso humano a partir dos 35 anos, levando a alguma resistência no momento de contratar. Não quer dizer que não se contrate, não quer dizer que não se reconheça o currículo e a experiência, mas em caso de empate ou de comparação com outros candidatos igualmente qualificados, a idade surge como um ponto a desfavor.
É prática comum, e ninguém estranha porque a isso estão habituados, ver raparigas e rapazes na casa dos 20 anos a trabalhar em lojas ou no atendimento ao público. Grandes superfícies como uma Zara, só para dar um exemplo, não contrata mulheres de 40 anos. Eu nunca lá vi nenhuma que aparentasse essa idade. Porquê? A mulher de 40 anos não sabe dobrar as camisolas? Não percebe de vitrinismo? Não há homens de 50 que poderiam ser muito úteis a aconselhar, organizar e até a gerir uma loja?
As resistências nascem destas pequenas "ditaduras", as modas também, até que se tornam realidades estanques que dificilmente se alteram.
Vem esta prosa a propósito da última grande superfície que abriu na cidade de Évora. Está quase a fazer um ano. Seria apenas mais uma grande superfície com as mesmas caraterísticas das restantes, não fossem as caixas para pagamento estarem ocupadas por raparigas, por rapazes (quase na mesma proporção), e por pessoas mais velhas, como é o caso do senhor Manuel que deve andar próximo dos 60 anos. Desempenha o seu papel como ninguém,ao ponto de muita gente preferir estar na fila para ser atendida por ele. Simpático, cordial, afável, tem sempre uma conversa para oferecer. Um sorriso também. Os seus 50 e muitos anos dão-lhe experiência de vida, de pessoas, e ainda se recorda certamente de como era ser atendido nas mercearias de bairro, nos mini-mercados, no lugar de hortaliça onde os pequenos agricultores escoavam os seus produtos. O cliente não era um número, não era um qualquer algoritmo de uma equação complicado com a soma igual a milhões. Mas uma pessoa, que tinha que ser bem tratada para voltar no dia seguinte, e no outro.
Não sei ao certo que critérios e varáveis levaram o senhor Manuel até àquele posto de trabalho. Mas foi uma escolha muito feliz. Ficam a ganhar os clientes. Fica a ganhar a grande superfície, que tem na simpatia daquele funcionário um dos seus melhores cartões de visita.
Acharão os empregadores que nessas idades as pessoas estão semi-dependentes, urinam com mais frequência ou não estão na posse de todas as suas faculdades?
Há um preconceito no mercado de trabalho, em particular dos empregadores privados, relativamente a tudo aquilo que seja recurso humano a partir dos 35 anos, levando a alguma resistência no momento de contratar. Não quer dizer que não se contrate, não quer dizer que não se reconheça o currículo e a experiência, mas em caso de empate ou de comparação com outros candidatos igualmente qualificados, a idade surge como um ponto a desfavor.
É prática comum, e ninguém estranha porque a isso estão habituados, ver raparigas e rapazes na casa dos 20 anos a trabalhar em lojas ou no atendimento ao público. Grandes superfícies como uma Zara, só para dar um exemplo, não contrata mulheres de 40 anos. Eu nunca lá vi nenhuma que aparentasse essa idade. Porquê? A mulher de 40 anos não sabe dobrar as camisolas? Não percebe de vitrinismo? Não há homens de 50 que poderiam ser muito úteis a aconselhar, organizar e até a gerir uma loja?
As resistências nascem destas pequenas "ditaduras", as modas também, até que se tornam realidades estanques que dificilmente se alteram.
Vem esta prosa a propósito da última grande superfície que abriu na cidade de Évora. Está quase a fazer um ano. Seria apenas mais uma grande superfície com as mesmas caraterísticas das restantes, não fossem as caixas para pagamento estarem ocupadas por raparigas, por rapazes (quase na mesma proporção), e por pessoas mais velhas, como é o caso do senhor Manuel que deve andar próximo dos 60 anos. Desempenha o seu papel como ninguém,ao ponto de muita gente preferir estar na fila para ser atendida por ele. Simpático, cordial, afável, tem sempre uma conversa para oferecer. Um sorriso também. Os seus 50 e muitos anos dão-lhe experiência de vida, de pessoas, e ainda se recorda certamente de como era ser atendido nas mercearias de bairro, nos mini-mercados, no lugar de hortaliça onde os pequenos agricultores escoavam os seus produtos. O cliente não era um número, não era um qualquer algoritmo de uma equação complicado com a soma igual a milhões. Mas uma pessoa, que tinha que ser bem tratada para voltar no dia seguinte, e no outro.
Não sei ao certo que critérios e varáveis levaram o senhor Manuel até àquele posto de trabalho. Mas foi uma escolha muito feliz. Ficam a ganhar os clientes. Fica a ganhar a grande superfície, que tem na simpatia daquele funcionário um dos seus melhores cartões de visita.
Comentários
Enviar um comentário